terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Relatório do I SIEM

No dia 30 de janeiro de 2010 foi realizado o primeiro Seminário Ireceense de Estudos Musicais, no auditório da UFBA, organizado pela Confraria de Tolos. Todos presentes para a ocasião ouviram os discursos de abertura de Solange Ribeiro da Silva Maciel, coordenadora do curso de Licenciatura em Música da UFRGS, de André Marques, membro da Secretaria de Cultura e de Laio Rodrigues Pinto, da Confraria de Tolos. A abertura contou ainda com a presença do presidente da Câmara de vereadores, Tertuliano Leal Libório.

A partir daí, inaugurando o ciclo de palestras, Breno Martins Leite, estudante de Direito da Universidade Católica de Salvador, falou sobre Direitos Autorais, aplainando as dúvidas mais comuns e fortemente relevantes. Por exemplo, sobre o registro de obras musicais - que, apesar de não ser obrigatório, é bastante recomendável -, quais os possíveis procedimentos para fazê-lo, os empecilhos, praticidades, custos e extralegalidades. Debateu-se ainda a atuação polêmica do ECAD. Numa intervenção amistosa, e ao mesmo tempo um arroubo de ousadia, André Marques fez uma proposta pública para que os artistas regionais se unissem objetiva e organizadamente em prol de mais espaço nas rádios locais. Isso gerou uma discussão animada, apenas interrompida para um coffee break.

Micaela Moitinho Libório, estudante de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, iniciou sua palestra sobre Psicologia e Percepção Musical (LINK) com extrema leveza. Foi uma palestra interativa, cujo desenvolvimento dependia das reações do público com relação os jogos musicais que Laio desenvolvia ao teclado. Ironicamente, num desses joguinhos, o público deveria identificar as notas “erradas de propósito” em Asa Branca, entretanto, Laio errou onde devia errar, e tocou a música certinha, para o riso geral. Além disso tudo, merece ser valorizado o bom humor de Micaela, uma verdadeira estrela da stand-up comedy. Micaela provocou um debate acalorado em relação ao julgamento do gosto musical, pois que às vezes este é tomado como dogma, como a refletir que também neste domínio preconceito e ignorância às vezes se confundem. Sobretudo, recomendou a palestrante, a um músico não se deve permitir o luxo de evitar algum gênero musical. E viva a diversidade.

Após intervalo para almoço, Juliano Dourado Santana, historiador pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, realizou sua palestra sobre a história da música erudita, sem, contudo, deixar de abordar a música primitiva e a música medieval. Principalmente, recordou a todos que a música erudita ocidental não é a única nem a melhor produção musical existente, apenas é a mais sistematizada entre todas, o que permite aproximar a música de uma ciência. Como aconteceu com Micaela, Juliano também foi bastante bem-humorado em seu discurso. Ao passar pelos séculos de história da música, ele explana como o desenvolvimento da música popular, enfim, teve suas origens na música erudita - o que causou rebuliço e inquietação na maior parte do público.

Em seguida Laio Rodrigues, estudante de Composição e Regência da Universidade Federal da Bahia, com o auxílio de Juliano Dourado Santana, fechou o ciclo de palestras com sua aclaração sobre Análise e Apreciação Musical, que complementava a palestra anterior. LINK

O coffee break vespertino contou a participação especial do músico Inácio Loiola, que fez um som em companhia de Edão da Rabeca, Rubinho na percussão e André Marques no violão. Finalizando o SIEM, Laio ofereceu uma oficina de Composição, com até organização de um coro com o próprio público. Além disso, foi exemplificado como uma canção pode ser executada de diversas maneiras e os meios de enriquecer uma composição.

Conforme previsto, o evento foi encerrado às 18:00. Graças, principalmente, ao público, cumpriu-se o esperado pelos organizadores: a interação, o debate, a troca de informações, a troca de experiências; em outras palavras, a convivência, ainda que por apenas um breve dia, entre pessoas dispostas a conversar amigavelmente e com inteligência. Que venham os próximos!